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surpresas são pautas constantes dos noticiários, e não há como negar que mudanças climáticas estão ocorrendo em diversas localidades do planeta. Muito ainda se discute sobre a magnitude dos impactos ambientais: qual será a elevação do nível dos mares, quais os países mais afetados e quando os efei-tos começarão a ser críticos. Entretanto, a relação direta entre as emissões atmosféricas provenientes das atividades humanas e o aquecimento global já está comprovada pela Ciência.

A construção civil é reconhecida como uma das ativida-des de maior pegada ecológica em nosso planeta. Segundo dados das Nações Unidas, uma obra consome 40% de toda energia, extrai 30% dos materiais do meio natural, gera 25% dos resíduos sóli-dos, consome 25% da água e ocupa 12% das terras. Infelizmente, a construção não fca atrás quando se trata de emissões atmosféricas, respondendo por 1/3 do total de emissões de gases de efeito estufa. Nas edifcações, as emissões são prioritariamente prove-nientes do uso de energia, sendo de 80 a 90% gerado na etapa de uso e operação (aquecimento, condicionamento de ar, ventilação, iluminação e equipamentos). Outros 10 a 20% estão relacionados à extração e ao processamento de matérias-primas, à fabricação de produtos e à etapa de construção e demolição.

O Brasil possui uma matriz energética relativamente limpa com relação a outros países: a maior parte da energia é gerada em usinas hidrelétricas, cujas emissões são bem menores se comparadas às das termoelétricas (queima de derivados de pe-tróleo, carvão, gás etc.). Com essa matriz energética “limpa”, os números apresentados se invertem e as etapas de fabricação de materiais de construção ganham grande importância.

Um estudo realizado pelos Ativos Técnicos Ambientais (ATAs) em parceria com o Centro de Tecnologia de Edifcações (CTE) — empresas especializadas em Emissões de Carbono e

Green Building , respectivamente — identifcou que um edifício

de 108 kgCO

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e/m², provenientes da energia consumida durante o seu uso e operação (30 anos), e emissões de 301 kgCO

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e/m², du-rante a etapa de construção, refetindo as características da matriz energética brasileira.

Pelo Inventário Nacional de Emissões de 2005, as pro-duções de cimento, aço e cal são responsáveis pelas maiores emissões industriais, sendo que as atividades de transporte desses materiais também têm posição de destaque:

• a produção do clínquer (base da produção do cimento Portland) emite gases de efeito estufa em grandes quantidades por duas razões: 1) as altíssimas temperaturas necessárias para calcinação nos fornos, em geral obtidas através de combustíveis fósseis, e 2) as emissões estequiométricas da mesma calcinação, que libera o carbono, antes contido no calcário, sob a forma de CO

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para a atmosfera; • com a produção de ferro e aço não é diferente: altas temperatu-ras nos fornos, obtidas a partir de combustíveis fósseis, somadas à liberação para atmosfera do carbono utilizado como redutor sob a forma de CO

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;

• não menos signifcativo, vem o grande consumo de diesel no trans-porte de todos os materiais empregados na obra, desde o seu local de origem até o canteiro. O movimento de terra no local pode tam-bém ser alto emissor, principalmente em obras de infraestrutura.

O setor da construção civil, portanto, tem grande poten-cial para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e elaborar uma série de medidas para isso.

O primeiro passo para o empreendedor é o desenvolvi-mento de um Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do seu empreendimento, tanto na fase de construção como na de uso, baseando-se em normas e protocolos internacionais, particularmen-te a ISO 14.064-1 e GHG Protocol. Do inventário surgirá, natu-

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